Análise top down e bottom up para escolher ações

Análises top down e bottom up para comprar ações: o que preciso saber?

Você sabe o que são as análises do tipo top down e bottom up para escolher uma ação para investir na bolsa ou ao menos já ouviu falar desses termos?

Nos primeiros aportes em renda variável já é possível perceber que analisar uma empresa por meio do estudo fundamentalista não é fácil, mas é simples. Não é fácil, pois são muitas perspectivas que devemos ter no radar ao olhar para a companhia. Porém, é simples, já que sabemos exatamente o que desejamos encontrar: boas empresas!

Mas fazer o estudo de ações para o longo prazo não significa observar apenas o que se passa dentro da empresa, mas também analisar e compreender o setor que ela está envolvida, que tipos de consumidores possui, com que matéria-prima trabalha, entre outros fatores.

Já mencionamos em artigos anteriores que a diversificação é a melhor amiga do investidor de ativos de risco. Isso envolve não apenas a variação de um papel para outro, mas também dos setores da economia dessas ações (serviços financeiros, energia elétrica, vestuário, bebidas e alimentos, por exemplo).

Nesse caso, o que devemos analisar primeiro: vale mais estudar inicialmente a empresa e depois o setor que ela pertence?

Ou o contrário é mais válido? Compensa mergulhar primeiro no entendimento do setor para então escolher uma empresa dentro dele para investir?

É justamente esta diferenciação que pretendemos esclarecer neste artigo. Vamos te mostrar do que se tratam essas metodologias e como escolher ativos para investir de acordo com elas, adaptando a que fizer mais sentido para você. Confira a leitura até o final!

O que é a análise top down para escolher uma ação?

Ao realizar a análise top down (de cima para baixo), estudamos primeiro um setor da economia para, em seguida, escolher uma empresa dentro deste setor para investir.

Tome, por exemplo, o setor bancário. Isto é, se optarmos por este tipo de análise, vamos primeiro colher o máximo de informações sobre a área, para então explorar e escolher a ação de um banco para investir.

Logo, se vamos estudar inicialmente o setor, seja ele qual for, devemos averiguar:

  • qual é o market share do setor;
  • qual é o nível de concentração (ou seja, se há poucas ou muitas empresas fragmentando o mercado);
  • os principais pontos de legislação;
  • a facilidade para a entrada de novos competidores;
  • a concorrência internacional;
  • a preferência dos consumidores;
  • se existem produtos substitutos na ótica do cliente;
  • o impacto da logística e das matrizes energéticas no resultado do setor;
  • o peso da carga tributária sobre as empresas que o compõem;
  • quem são as entidades (associações, federações etc) que controlam o setor;
  • se há participação do governo;
  • impactos da variação cambial;
  • impactos da inflação ou deflação nos preços dos produtos;
  • ciclos de commodities (trigo, petróleo, minério etc) no operacional da empresa;
  • se há crescimento ou recessão na economia;
  • entre outros.

Enfim, nessa abordagem visamos avaliar primeiro as condições macro e microeconômicas que permeiam a empresa antes de avaliar seus números em si. Nessa metodologia, damos valor primeiro a como o “quadro geral” pode influenciar os preços de uma ação. Assim dizendo, buscamos identificar quais setores serão mais beneficiados com cenário econômico que se apresenta agora e no futuro.

Desta forma, após compreender e ler bastante qual é o cenário atual de um setor e as suas perspectivas, você toma a decisão se quer ou não ter ações de empresas da área na sua carteira. Se a resposta for sim, então parte-se para estudar e escolher de uma ou mais ações para comprar na bolsa de valores, sem perder de vista a diversificação.

Esquema-resumo da análise top-down
Esquema-resumo da análise top-down

O que é a análise bottom up para escolher uma ação?

Por outro lado, temos ainda a possibilidade de fazer a análise bottom up (de baixo para cima). Isto é, analisa-se uma empresa antes de estudar o setor que a abriga. Desta feita, valorizam-se primeiramente os resultados da companhia partindo, em seguida, para os impactos da economia.

Dentre as vantagens desse método, há a expectativa de selecionar as empresas mais resilientes, independente dos cenários econômicos que elas enfrentam. Melhor dizendo: todas as empresas enfrentam crises, mas algumas se mantém resilientes – com bons números ou menos afetadas que seus concorrentes -, mesmo enfrentando variadas condições de mercado e de consumo.

Em relação aos setores, também será possível identificar pelo método bottom up as empresas que se mantém altamente competitivas, mesmo quando seu setor não é tão favorecido ou enfrenta dificuldades.

Ao realizar a análise das empresas debruçando com essa metodologia em mente, o investidor procura avaliar os índices tradicionais da análise fundamentalista:

  • os altos níveis e práticas de governança corporativa;
  • se oferece condições para ser sócio (free float nas ações ON, liquidez de mercado etc);
  • os lucros líquidos constantes da empresa;
  • a boa geração de caixa;
  • expectativa de crescimento dos lucros (operacional e líquido) no futuro;
  • se o endividamento está sob controle;
  • a estrutura de capital, os índices de liquidez e os índices de rentabilidade (ver links abaixo para saber mais);
  • se há participação do governo;
  • se consegue criar e rentabilizar novos produtos;
  • entre outros.

Daí, podemos partir para uma análise do setor de modo mais amplo e verificar se vale a pena ter mais de um ativo daquele segmento na carteira, caso ele seja menos ou mais promissor.

Esquema-resumo da análise bottom up
Esquema-resumo da análise bottom up

Análise bottom up e top down na busca por ativos: qual escolher, afinal?

Acostume-se a ouvir que no mundo dos investimentos não existe resposta certa. Bem como, na matéria que estamos aprendendo hoje, não existe melhor entre bottom up e top down para escolher as suas ações. Esta é uma escolha que deve partir do investidor.

Dentro da montagem de uma carteira de investimentos, você pode aplicar os dois métodos. Por exemplo, na análise do setor bancário, você pode entender que a top down é a melhor opção. No entanto, para escolher uma empresa varejista, pode ser que o estudo bottom up lhe dê mais segurança na escolha.

Independente da análise realizada, você deve caprichar nos estudos. Não adianta optar por uma e fazê-la “meia boca”, com pressa ou enviesada. Perceba que estamos a todo momento falando em análise qualitativa, o pilar da escolha fundamentalista de ações.

Correlação entre setores

Um ponto importantíssimo a ter em mente é também a correlação entre setores. Em outras palavras, o quanto um setor se relaciona direta e ou indiretamente com o outro. Entender isso nos possibilita diversificar melhor a carteira de investimentos.

Por exemplo, bancos tem um alto nível de correlação com seguradoras e outras empresas financeiras. Por outro lado, varejistas tem pouquíssima relação com empresas de petróleo.

Então, além de diversificar entre setores, veja se a correlação dos setores que você escolheu não está muito alta, o que pode prejudicar a sua diversificação.

Uma vez que você entrar no estudo dos indicadores fundamentalistas, há pelo menos 12 pontos que não podem ficar de fora da análise. São os índices que dizem respeito à estrutura de capital, liquidez e rentabilidade. Saiba um pouco mais sobre eles:

Por fim, perceba que é o conjunto de conhecimentos que vai fazer de você um bom analista de ações, seja para montar a sua carteira para que seja vencedora ou orientar alguém com menos bagagem no seu início como investidor. Esperamos que esse grão de areia sobre as análises top bottom e bottom up tenha sido útil para o seu crescimento.

Aproveite que você chegou até aqui para ler o nosso artigo sobre como montar uma carteira de ações vencedora no longo prazo. Clique no link abaixo!

Investidor buy & holder, co-fundador do Diário de Investimentos, jornalista (17.248/MG), fotojornalista, escritor, graduando em ciências econômicas, estrategista de conteúdo na área de Marketing Digital e especialista em gestão estratégica da comunicação e comunicação digital e mídias sociais.
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