Você sabe o que é a estrutura de capital de uma empresa e quais são seus principais índices? Através dos indicadores de estrutura de capital é possível analisar o modo como uma companhia equilibra suas fontes de financiamento e em que proporções estão os seus ativos imobilizados.
Muitos são os múltiplos que ajudam os investidores a realizarem análises fundamentalistas de empresas de capital aberto. O cálculo e análise dos índices de estrutura de capital de uma empresa se somam a isso para uma interpretação mais completa e profunda da realidade do caso estudado. Em outro artigo aqui no blog, fizemos a análise da WEG, uma das empresas mais valiosas da bolsa brasileira.
Como veremos no artigo de hoje, com cálculos bastante simples e com dados extraídos dos balanços patrimoniais divulgados trimestralmente, será possível calcular e entender e determinar bons parâmetros que podem auxiliar o investidor na tomada de decisões.
O que é a estrutura de capital de uma empresa na contabilidade?
O estudo da estrutura de capital de uma empresa permite identificar, na prática, como a empresa se financia, a composição do endividamento e proporção de imobilização de seus ativos. Também será possível analisar em que proporções a empresa depende de capitais de terceiros na sua operação. Com esses dados em mãos, a direção da empresa pode tomar importantes decisões sem perder de vista aspectos contábeis importantes. Tais decisões podem ser, por exemplo:
- contrair mais dívidas de curto ou longo prazos;
- aumentar ou reduzir a participação de capital de terceiros;
- identificar oportunidades de crescimento;
- tomar decisões sobre o uso de recursos em caixa para quitar obrigações;
- entre outras;
Como calcular os indicadores de estrutura de capital?
Por meio de fórmulas bastante simples é possível calcular os índices da estrutura de capital de uma empresa com dados que são divulgados a cada três meses pelas empresas listadas em bolsa. Particularmente, eu gosto de fazer essa análise quando estudo um novo case para incluir na minha carteira e nos balanços anuais, para entender como anda a realidade da empresa de um ano para o outro.
Vamos conhecer e entender como são calculados os principais índices dessa estrutura!
1. Participação de capitais de terceiros
Para calcularmos a participação de capitais de terceiros, devemos identificar, no balanço divulgado, o total de passivo circulante e somar ao o total de passivo não circulante. Essa soma nos dará o que na contabilidade é chamado de exigível total. Daí, basta dividir o exigível total pelo patrimônio líquido. Confira no último item o que significa isso, na prática.
2. Endividamento
Na análise do endividamento, observaremos apenas a proporção do passivo circulante (obrigações de curto prazo) em relação ao patrimônio líquido.
3. Imobilização do patrimônio líquido
Este cálculo serve para a proporção do patrimônio líquido que foi destinada a financiar a compra do ativo não circulante subtraindo o ativo realizável a longo prazo.
4. Imobilização dos recursos não correntes
Com a imobilização dos recursos não correntes desejamos investigar qual a parcela dos investimentos, imobilizado e intangível em relação ao patrimônio líquido acrescido do passivo exigível a longo prazo.
Como fazer a análise da estrutura de capital de uma empresa?
Como relatamos anteriormente, após fazer o cálculo, prossegue-se à análise dos indicadores. É importante destacar que, em se tratando de análise fundamentalista, nenhum indicador deve ser analisado isoladamente. Os índices compõem um universo de ferramentas que confere ao investidor a capacidade de averiguar em mais detalhes a eficiência da direção da empresa.
Na prática, os índices querem dizer o seguinte:
- Participação de capital de terceiros: indica a dependência ou o risco de dependência de terceiros. Ou seja, o quão a empresa depende financeiramente de seus credores. Vimos que são somados os exigíveis de curto e longo prazo em relação ao patrimônio líquido. Essa dependência pode vir de empréstimos e financiamentos, que podem ser usados no operacional da empresa ou como fonte de expansão e crescimento.
- Endividamento: o objetivo desse cálculo é identificar a proporção entre obrigações de curto prazo em relação ao patrimônio líquido. Acima dos 50%, nos diz que a maior parte das dívidas de uma companhia são de curto prazo, o que pode representar um risco. Complementar a isso, podemos analisar a posição de caixa da empresa, de modo a verificar sua capacidade de honrar os compromissos, algo que vamos entrar em detalhes na sequência dessa série de artigos.
- Imobilização do patrimônio líquido: cabe aqui entender também a realidade da empresa analisada. No exemplo que demos (Weg), a companhia possui muitas máquinas e equipamentos. Então é natural que boa parte do seu ativo não circulante esteja imobilizado. Logo, esse índice vai refletir na dependência de capital de terceiros, que analisamos no primeiro tópico.
- Imobilização dos recursos não correntes: neste índice, vamos verificar se a empresa tem ou não risco de enfrentar problemas de solvência. Quanto mais baixo o resultado, menor é o risco. O número extraído da fórmula também nos confere a possibilidade de avaliar o nível da imobilização do capital próprio e do capital de terceiros.
Como você pôde perceber, são cálculos extremamente simples e com dados facilmente localizados nos balanços das empresas. Esse artigo faz parte de uma série de três textos que vamos apresentar sobre análise fundamentalista. Os próximos serão a respeito da liquidez de uma empresa e sobre como analisar a sua rentabilidade.
Essas três análises combinadas, conferem ótimas ferramentas na escolha de uma empresa para ser sócio. Fique atento às próximas publicações. Nesse meio tempo, aproveite para curtir a nossa página no Facebook!