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Empresas do setor de água e saneamento básico na bolsa: 4 ações para comprar hoje

Empresas de água e saneamento na bolsa de valores

Da mesma forma que as pessoas sempre vão precisar de energia elétrica, roupas e comida, elas também vão demandar água limpa e acesso a esgoto. Esse é, geralmente, o pensamento de quem busca empresas de saneamento e água para investir na bolsa.

Neste artigo, vamos explorar um pouco mais a fundo o setor de saneamento no Brasil, as características das empresas que o compõe, algumas de suas falhas e perspectivas para o futuro. Além disso, vamos explorar quais são as opções de companhias de água e saneamento que tem capital aberto e o investidor pode se tornar sócio.

Antes de começarmos, dê uma olhada em outros três artigos que preparamos sobre outros importantes e promissores setores!

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A importância do saneamento básico

O acesso à água limpa e serviços de coleta de esgoto é uma das prioridades da Organização Mundial da Saúde (OMS), bem como é um dos direitos básicos de todos os cidadãos. Além disso, é um dos fatores fundamentais para considerarmos o quão desenvolvido é um país. Muitos brasileiros ainda adoecem por falta de saneamento básico no país e há muito espaço para melhoria e expansão ao acesso universal a esse serviço essencial.

A promoção de serviços de saneamento básico e água limpa estão diretamente ligados à:

Conforme dados do poder executivo e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com as metas propostas para o acesso universal ao saneamento básico – como veremos abaixo – estima-se uma redução de quase um bilhão e meio de reais com custeio anual de serviços de saúde. Em outras palavras, a cada R$ 1 investido no acesso às melhores condições de saneamento, economizam-se R$ 4 com a prevenção de doenças ocasionadas pelas condições precárias, segundo dados da OMS.

O setor de saneamento básico no Brasil

O Brasil é uma nação que tem muito a avançar quando o assunto é prover o acesso à água potável e esgoto a todos os habitantes. A meta de universalização prevê, até 2033, cobertura de 99% no fornecimento de água potável e 90% para a coleta e tratamento de esgoto. Os objetivos também devem englobar a não interrupção do fornecimento, redução de perdas e constantes melhorias nos processos de tratamento.

Conforme informações da Agência Senado e do Instituto Trata Brasil, do modo como funciona hoje, os municípios ficam a cargo de assinar contratos com empresas estatais para a prestação de serviços de água a esgoto. Os contratos permitem que as empresas atuem sem concorrência, o que foi eliminado pelo marco legal (ver abaixo), que agora é obrigatória a abertura de licitação para a empresas públicas e privadas para prestar o serviço.

Abaixo, observam-se alguns dados sobre o atual panorama do setor no Brasil:

Dados sobre o saneamento básico no Brasil – Fonte: Agência Senado e Instituto Trata Brasil

Marco legal do saneamento básico

Em junho de 2020, foi aprovado no senado o PL 4.162/2019, também chamado de marco legal do saneamento básico no Brasil. De acordo com informações da Agência Senado, o texto

prorroga o prazo para o fim dos lixões, facilita a privatização de estatais do setor e extingue o modelo atual de contrato entre municípios e empresas estaduais de água e esgoto. Pelas regras em vigor, as companhias precisam obedecer a critérios de prestação e tarifação, mas podem atuar sem concorrência. O novo marco transforma os contratos em vigor em concessões com a empresa privada que vier a assumir a estatal. O texto também torna obrigatória a abertura de licitação, envolvendo empresas públicas e privadas.

Fonte: Agência Senado

O marco legal do saneamento foi sancionado pelo poder executivo ainda no mês de julho e já está valendo. Entre os resultados esperados com a medida, estima-se que 35 milhões de pessoas que não posssuem água tratada e 100 milhões sem acesso à coleta de esgoto possam sair dessa situação.

Portanto, o mercado aguarda também que novas empresas entrem neste setor, aumentando não só a concorrência, como também a qualidade e a universalização dos serviços.

Vale a pena investir em ações de água e saneamento?

O mercado já acompanha com atenção as ações de empresas de saneamento básico que podem se beneficiar do novo marco legal. O consenso dos analistas e investidores é que essa era uma demanda fundamental para tornar os investimentos no setor mais atrativos e vantajosos, bem como o andamento das demais reformas propostas pelo governo.

O espaço para a entrada de empresas privadas é um dos anseios, reduzindo, assim, a concentração do mercado pelas empresas públicas. Conforme matéria publicada no Estado de S. Paulo, aguarda-se um investimento entre R$ 500 bi e R$ 700 bi no setor e que o número de 94% das cidades atendidas por empresas estatais e 6% por empresas privadas sejam melhor equilibrados.

Por sua vez, as empresas já listadas na bolsa também tendem a se beneficiar do cenário com a modernização do serviço e de uma possível privatização de seus serviços. A demanda da privatização dos serviços é algo que os investidores também acompanham de perto. A Sabesp (SBSP3) e a Copasa (CSMG3) são quem estão melhor encaminhadas nesta seara. No entano, já sabemos a que velocidade andam as conversas sobre privatizar serviços públicos no Brasil, certo?

O estabelecimento de metas de qualidade e aumento da segurança jurídica também tendem a reduzir o risco de governança da presença do poder público metido nessas empresas, o que afasta alguns investidores mais rigorosos.

Importante dizer também que, neste setor, os contratos, assim como o de companhias elétricas, são para longos períodos. Ou seja, uma empresa assina um acordo para prestar décadas de serviços de saneamento a uma região.

Abaixo, um resumo dos principais dados fundamentelistas das empresas de saneamento que temos listadas na bolsa brasileira:

Comparativo de dados fundamentalistas – Fonte: Fundamentus

Empresas de saneamento básico e água na bolsa

Agora, vamos conhecer quais são empresas de saneamento listadas na bolsa e por que os investidores pensam nelas como ações para longo prazo. Apesar de não haver muitas opções em número, há boas escolhas para possibilitar uma oportunidade de aumentar a diversificação da carteira de investimentos.

1. Sanepar (SAPR3/SAPR4/SAPR11)

A Sanepar é uma empresa da década de 1960 que hoje fornece serviços de saneamento básico para 345 cidades do Paraná, Santa Catarina e outras quase 300 localidades de menor porte, conforme dados da própria companhia.

Como toda empresa pública, a composição acionária é um fator diferencial na análise fundamentalista. Hoje, conforme informa o RI da empresa, o Estado do Paraná detém 60% das ações com direito a voto na companhia. A existência de ações PN e Units não encorajam o sócio de longo prazo mais afeito às questões de governança. Cabe ao investidor a decisão se aceita ou não este risco.

Segundo informações do Status Invest (ver gráficos abaixo), registrou mais de R$ 1 bi de lucro líquido no exercício de 2019 e está, há pelo menos 10 anos, sem registrar prejuízo.

➡️ Site de Relações com Investidores (RI) da Sanepar

DRE de Sanepar

DRE de Sanepar – Fonte: Status Invest

Cotação histórica de SAPR3 e SAPR4 vs Ibovespa

Cotação de SAPR11 (preta), SAPR3 (vermelha), SAPR4 (laranja) histórica vs Ibovespa (linha azul) – Fonte: B3

2. Sabesp (SBSP3)

As ações da Sabesp (SBSP3) estão as que mais chamam a atenção do mercado e aparecem em recomendações de carteira. Fundada em 1973, hoje fornece água, coleta e tratamento de esgoto a 375 municípios do Estado de São Paulo.

O RI da empresa informa que a companhia é responsável por algo em torno de 30% do investimento em saneamento nacional e planeja injetar R$ 20 bilhões até 2024 para ampliar os serviços tanto em disponibilidade quanto em segurança.

Conforme podemos observar nos gráficos do Status Invest, o lucro líquido em 2019 foi de R$ 3,367 bilhões e também não registra prejuízos recentes. Já nas questões de governança, é uma empresa do Novo Mercado e a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo detém 50% das ações.

➡️ Site de Relações com Investidores (RI) da Sabesp

DRE de Sabesp

DRE de Sabesp – Fonte: Status Invest

Cotação histórica de SBSP3 vs Ibovespa

Cotação de SBSP3 (preta) histórica vs Ibovespa (linha azul) – Fonte: B3

3. Casan (CASN3/CASN4)

A Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) é uma empresa em que 63% das ações votantes estão nas mãos do governo estadual e o free float é quase nulo. Nos gráficos de negociação do papel, percebe-se uma liquidez ínfima. Ou seja, é uma empresa que não quer sócios na bolsa.

Fundada em 1970, presta, de acordo com dados da companhia, serviços a mais de 2,7 milhões de pessoas (quase 40% do estado catarinense. Seu foco está nos serviços de gestão, operação e manutenção de sistemas de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto.

➡️ Site de Relações com Investidores (RI) da Casan

DRE de Casan

DRE de Casan – Fonte: Status Invest

Cotação histórica de CASN3 e CASN4 vs Ibovespa

Cotação de CASN histórica vs Ibovespa (linha azul) – Fonte: B3

4. Copasa (CSMG3)

Empresa de 1963, a Copasa tem capital aberto desde 2003 e ações listadas a desde 2006. Trata-se de uma das maiores empresas de saneamento do país, atendendo quase 12 milhões de pessoas e tem mais de 300 concessões para serviços de esgoto em que atende cerca de 8,2 milhões de indivíduos – informações do RI da empresa.

Na composição acionária, o governo do Estado de Minas Gerais é dono de 50% dos papeis. O lucro líquido foi de R$ 754 milhões em 2019 frente uma receita de maid de R$ 5 bilhões. O último prejuízo registrado foi no ano de 2015.

➡️ Site de Relações com Investidores (RI) da Copasa

DRE de Copasa

DRE de Copasa – Fonte: Status Invest

Cotação histórica de CSMG3 vs Ibovespa

Cotação de CSMG3 (preta) histórica vs Ibovespa (linha azul) – Fonte: B3

Governança e privatizações: fatores muito importantes

Como alertado em artigos anteriores, a governança corporativa é um fator primordial na escolha empresas. No caso das empresas de saneamento e água na bolsa de valores o investidor deve ponderar bem em sua análise se aceita ou não o risco da participação do governo. O que isso representa na prática?

Com a participação do governo, a companhia fica sujeita a:

Uma vez que realizamos o estudo da companhia, vale analisar a real possibilidade de ela passar pelo processo de privatização, como foi a relação da empresa como governos anteriores, se houve casos de corrupção e desvios em passado recente, se observa os fatores de governança do segmento de listagem correspondente.

As empresas do Novo Mercado oferecem uma segurança maior no quesito governança, mas não é uma bala de prata ou um selo de incorruptível. A análise fundamentalista dessas ações para incluir na carteira deve ser cuidados.

Privatização da Sabesp (SBSP3)

A novela das privatizações no Brasil também atigem em cheio as empresas de água e saneamento. O mercado pousa sua atenção com mais afinco nas vendas da Sabesp e da Copasa. Quanto à primeira, aqui estão algumas das notícias mais recentes sobre o assunto:

Privatização da Coapsa (CSMG3)

Já sobre a companhia mineira, as conversas sobre a venda da empresa parecem estar em ritmo lento com uma ligeira retomada, sobretudo após o ano de enfrentamento à pandemia e o mercado aguarda novas informações sobre esse processo. Eis o que se sabe até hoje:

Por que privatizar é bom para o mercado?

Para encerrar este tópico, recomendamos a leitura dos artigos abaixo que aponta por que o mercado considera positivo o movimento de venda de empresas estatais com vários exemplos e, por outro lado, alguns textos também que ponderam sobre vantagens e descantagens da privatização:

Em suma, observa-se que o mercado fica afoito pelas privatizações uma vez que espera que a desestatização permita às empresas um crescimento mais robusto, maior capacidade de investimento, crescimento dos lucros, menor chance de corrupção na empresa e aumento da competitividade e modernização do setor que atua.

Como analisar empresas de água e saneamento básico?

Por fim, como analisar uma empresa de saneamento e água para incluir na sua carteira? Além dos fatores óbvios (governança, lucros e crescimento), vale observar alguns outros que vão servir de checklist.

Portanto, além da análise fundamentalista tradicional, ações de empresas que possuem forte presença pública devem passar por um crivo mais rigoroso, já que seu risco é elevado em relação a outras. Não é nada que impeça o investidor de comprar esses papéis para carregar para o longo prazo, mas deve pensar e aceitar os riscos que estão atrelados.

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